É estranho entender aos que fazem algo na espera de algo mais. Um favor, uma bondade, um carinho, tudo isso esperando o que poderiam lhe dar em troca. Não, eu não quero isso. Também não quero que me façam nada esperando ter algo em troca. Já existe um nome pra isso? No amor não é diferente, estranho seria se fosse. Amam esperando um amor de volta. Na verdade as pessoas temem o amor, aquela dor de amor. Conversando com um amigo, já de maior idade, ele me contava de suas paixões. E eu gostava de saber. Ele contava com um brilho no olhar, e embora tivesse sofrido tanto, foi uma paixão arrebatadora daquelas que nos deixam sem rumo mesmo. As paixões não foram minhas companheiras, creio que nem o serão, pois, se paixão é meio amor e eu nunca soube amar pela metade.
Mas, não foi para falar em paixões que hoje me sentei de frente ao computador, na verdade eu estava sufocada. Sufoco-me diariamente, mas ontem... ontem foi diferente e somente hoje eu senti o alívio de ter novamente minha garganta livre. Eu poderia até gritar, mas não gritei. É que eu me sinto pressionada a fazer o que parece ser o tubo único de uma vida. Aquilo de todos precisam fazer e eu não posso fugir à maioria. Oh, como é cruel! E realmente eu queria ter nas Letras um instrumento de trabalho (uma vez que já é um instrumento na vida) sem precisar ser professora. Por fim, grito.
"É necessário abrir os olhos e perceber que as coisas boas estão dentro de nós, onde os sentimentos não precisam de motivos nem os desejos de razão. O importante é aproveitar o momento e aprender sua duração, pois a vida está nos olhos de quem sabe ver."
♫ "Alma Perdida" - Florbela Espanca, interpretada por Miguel Falabella