sábado, 8 de setembro de 2007

A Hora da Estrela




Filme de estréia de Suzana Amaral em longa-metragem, “A Hora da Estrela” é um dos momentos mais luminosos do cinema brasileiro dos anos 80. Realizado em 1985, o filme é uma adaptação do livro homônimo de Clarice Lispector, um dos maiores nomes da literatura brasileira. Depois de rodar vários curtas e médias, Suzana Amaral escolheu a história da nordestina Macabéa para seu primeiro longa.


“A Hora da Estrela” é um filme admirável. A começar pela revelação da atriz Marcélia Cartaxo, que dá a medida certa para a miserável nordestina que vive em São Paulo. Marcélia Cartaxo revelou-se uma estupenda atriz, desenvolvendo trajetória importante no cinema brasileiro a partir desse trabalho – o segundo ponto mais alto é a Laurita de “Madame Satã”, de Karin Ainouz, em 2002. Por sua Macabéa, ela recebeu o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Berlim.


“A Hora da Estrela” conta ainda no elenco com José Dumont, como Olímpico de Jesus, o namorado de Macabéa, em mais uma interpretação arrebatadora. E tem também atuações primorosas de Fernanda Montenegro e Tâmara Taxman. Ainda no elenco feminino, Sônia Guedes e Lisette Negreiros. Na ficha técnica, Ide Lacreta na montagem.


* * *


"Escrevo por não ter nada a fazer no mundo: sobrei e não há lugar para mim na terra dos homens. Escrevo porque sou um desesperado e estou cansado, não suporto mais a rotina de me ser e se não fosse a sempre novidade que é escrever, eu morreria simbolicamente todos os dias. Mas preparado estou para sair discretamente pela porta dos fundos. Experimentei quase tudo, inclusive a paixão e o seu desespero. E agora só quereria ter o que eu tivesse sido e não fui."

(Clarice Lispector)



“Nasci dura, heróica, solitária e em pé. E encontrei meu contraponto na paisagem sem pitoresco e sem beleza. A feiúra é o meu estandarte de guerra. Eu amo o feio com um amor de igual para igual. E desafio a morte. Eu - eu sou a minha própria morte. E ninguém vai mais longe. O que há de bárbaro em mim procura o bárbaro e cruel fora de mim. Vejo em claros e escuros os rostos das pessoas que vacilam às chamas da fogueira. Sou uma árvore que arde com duro prazer. Só uma doçura me possui: a conivência com o mundo. Eu amo a minha cruz, a que doloridamente carrego. É o mínimo que posso fazer de minha vida: aceitar comiseravelmente o sacrifício da noite.”
(Clarice Lispector)

Um comentário:

  1. ahuahauhahhuaahuauahaahaahahah
    sera vc hiro, femea?

    assistiu filmes que eu ja assisti
    brincou com os brinquedos que eu brinquei...
    meu deus!
    vc mora na hirolandia?!

    ResponderExcluir

"Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..." (Clarice Lispector)